Ressonância Magnética: Desafios e Estratégias para Pacientes Ansiosos

Notícias Rosanna Mannarino Saúde Mental

Como a preparação adequada, técnicas de meditação e acolhimento profissional podem ajudar pacientes ansiosos a enfrentarem o exame

Por Sem Transtorno

A realização de exames médicos, como a ressonância magnética, pode ser uma experiência traumática para muitas pessoas. Para quem sofre de ansiedade e fobias, como a claustrofobia, esse processo pode ser ainda mais desafiador. O exame de ressonância magnética exige que o paciente permaneça imóvel dentro de um tubo estreito, o que costuma desencadear picos de nervosismo e medo, prejudicando não só a experiência do paciente, mas também a qualidade do exame.

Saiba quais são as dificuldades mais frequentes enfrentadas por pacientes com ansiedade durante esses exames e descubra soluções que podem ajudar a amenizar esse desconforto.

O impacto da ansiedade e da claustrofobia

O medo de espaços fechados, o barulho intenso do aparelho e a imobilidade forçada são fatores que costumam aumentar o nível de estresse durante um exame de ressonância magnética. Para quem já tem algum transtorno de ansiedade, esses sintomas podem ser ainda mais intensos, tornando o exame praticamente impossível de ser realizado.

Karen Terahata, fundadora do Sem Transtorno, conta que, há muitos anos, precisou fazer uma ressonância magnética para investigar dores no tórax. Diagnosticada com transtorno do pânico e TAG (ansiedade generalizada), Karen quase não conseguiu realizar o exame. “Na primeira tentativa, fiquei tão nervosa que pedi para me tirarem do tubo. Na segunda tentativa, uma enfermeira me acalmou e ficou segurando minha mão o tempo todo. Consegui me distrair pensando em outras coisas, e deu certo”. Sobre as dores que investigava, foi constatado que elas estavam relacionadas à ansiedade.

Estratégias para enfrentar a ansiedade durante o exame

A psicóloga Rosanna Mannarino, colaboradora do Sem Transtorno, explica que a dificuldade em se manter imóvel durante o exame pode resultar em movimentos involuntários causados pela ansiedade, além de outros sintomas como sudorese, taquicardia e tonturas, prejudicando a qualidade do exame. Segundo ela, a psicoterapia pode ajudar o paciente.

“Dispomos de várias ferramentas para auxiliar o paciente. Entre elas, destacam-se estratégias de relaxamento, que são treinadas durante as sessões e podem ser continuadas de forma individual. Uma técnica importante é a respiração profunda e controlada. Além de ser útil durante o exame, também é essencial para o dia a dia de pessoas com sensibilidade à ansiedade. O ideal é inspirar lentamente pelo nariz, segurar o ar por alguns segundos e expirar de forma controlada pela boca, mantendo o foco na respiração. Essa prática ajuda a reduzir a frequência cardíaca e a tirar o foco de pensamentos negativos e antecipatórios”.

Rosanna conta que já recebeu pacientes com esse tipo de dificuldade e que a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) é uma ferramenta eficaz para ajudar pacientes claustrofóbicos ou com experiências traumáticas a realizarem uma ressonância magnética. “A TCC é uma abordagem estruturada e prática que trabalha pensamentos, emoções e comportamentos que perpetuam o medo ou a ansiedade”.

A experiência de André*

André*, 43 anos, participante do grupo de apoio Sem Transtorno, diagnosticado com déficit de atenção e TAG, também compartilhou sua experiência com a ressonância magnética: “Há alguns dias, precisei fazer uma ressonância e a experiência foi muito tensa, mas uma preparação adequada me ajudou a lidar melhor com a situação. Eu estava bem treinado na meditação, medicado, e a máquina da ressonância era maior.” (André* fez seu exame na clínica CDPI da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, um dos poucos locais que oferecem esse diferencial).

“Quando entrei na máquina, comecei a ter uma crise de pânico devido ao barulho intenso, mas consegui aplicar técnicas de meditação e controlar a situação. A meditação foi fundamental para me manter calmo. Pratico técnicas de mindfulness para controlar minha ansiedade, e isso me ajudou bastante durante o exame.”

O papel da comunicação e do acolhimento profissional

Embora a realização de uma ressonância magnética represente um desafio significativo para muitos pacientes com ansiedade e claustrofobia, existem várias estratégias e soluções que podem tornar o exame mais acessível e menos traumático. Além das alternativas tecnológicas e terapêuticas, a comunicação clara e o acolhimento dos profissionais de saúde também são cruciais para ajudar pacientes com ansiedade a enfrentarem exames de ressonância magnética.

“Manter um contato próximo, ser transparente sobre o procedimento e fornecer informações detalhadas sobre o tempo e o que esperar do exame pode reduzir a ansiedade do paciente”, afirma André*, destacando que os maiores desafios durante seu exame foram a longa espera na clínica e a ausência de informação por parte da equipe. “A sala de espera pequena, o ambiente frio e o barulho da máquina aumentaram minha tensão. Além disso, a falta de comunicação durante a espera foram pontos negativos.”

Para pacientes ansiosos, a combinação de estratégias de acolhimento, comunicação clara e práticas de relaxamento pode fazer toda a diferença na superação dessa experiência. “Uma dessensibilização em uma máquina desativada, para o paciente experimentar antes do exame, também seria interessante”, sugere André*.

Por fim, em casos específicos, a sedação pode ser uma alternativa necessária para a realização da ressonância magnética. No entanto, esse procedimento deve ser realizado com cuidado e sempre acompanhado por um anestesista, garantindo assim a segurança do paciente.

André* é um nome fictício, utilizado para preservar a identidade do entrevistado.

Assista ao vídeo com algumas dicas da psicóloga Rosanna Mannarino:

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