As “boas amizades” não são apenas uma mera força de expressão. A comunidade médica reconhece que ter amigos estabelece conexões positivas, auxilia na superação de momentos difíceis e promove a saúde mental. Mais do que ter muitos amigos, ter amigos verdadeiros é o que importa. Essa necessidade de conexão tem raízes profundas em nossa história ancestral, e hoje em dia, entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhecem essa importância ao designar o dia 30 de julho como o Dia Internacional da Amizade, com o objetivo de promover a união entre os povos do mundo. Mas por que esse tema é tão relevante?
O ser humano é naturalmente sociável, necessitando interagir com outros de maneira complexa. A socialização tem sido uma questão crucial para a sobrevivência ao longo da história, desde a conquista de territórios até a proteção contra ameaças externas. Essa necessidade de conexão tem raízes profundas em nossa história ancestral, e nos dias de hoje as crianças são encorajadas a desenvolver laços de amizade, muitas vezes iniciando esse processo na escola. Você se recorda de como foi essa fase? Como foi sua primeira amizade na escola? Quais foram suas sensações?
Durante a adolescência, as amizades desempenham um papel fundamental na prevenção do isolamento e na sensação de pertencimento a um grupo. Amigos podem ser essenciais para colaborar em trabalhos escolares, para momentos de diversão e para desabafar sobre questões emocionais. Além disso, a amizade nos protege do temor da solidão.
Entretanto, a amizade é uma via de mão dupla. Não estou sugerindo que a amizade deva ser puramente baseada em interesses, mas sim convidando à reflexão sobre o equilíbrio entre dar e receber dentro dessa relação. Assim como o amor, a amizade requer construção e manutenção através da troca de elementos como atenção, afeto e presença. Você está realmente prestando atenção ao que seu amigo diz? Está respondendo com qualidade? Há quanto tempo você não o procura? Quanto afeto está disposto a oferecer?
O valor inestimável da amizade é confirmado cientificamente. Quando desfrutamos de uma relação de confiança proporcionada por uma amizade saudável, nosso cérebro libera ocitocina, um hormônio ligado à sensação de prazer. Isso nos permite expressar o melhor de nós mesmos para essa pessoa que, embora não seja da família, é capaz de nutrir laços tão profundos quanto os de sangue. Não é necessário ter “um milhão de amigos”, como na canção de Roberto Carlos, mas sim amigos verdadeiros.
As amizades promovem bom humor, beneficiam o coração e previnem problemas como solidão e depressão. Quem tem amigo, tem tudo. Como disse o poeta Mario Quintana, “A amizade é um amor que nunca morre”.
Eles são a família que escolhemos para compartilhar não apenas os momentos de alegria e festa, mas também os de tristeza e dificuldade. Os amigos verdadeiros estão sempre ao nosso lado, motivando-nos, inspirando-nos, amando-nos, valorizando-nos e oferecendo conselhos, pois são pessoas que genuinamente desejam nosso bem-estar e felicidade. Por isso, a importância da amizade vai além de tudo isso e também impacta positivamente no desenvolvimento emocional e pessoal de todos nós.
Rosanna Talarico Mannarino
Psicóloga clínica; especialista em terapia cognitivo-comportamental (TCC) e arteterapia.
CRP: 05/23434