Pesquisa da UFRJ revela relação entre excesso de trabalho, uso de substâncias e adoecimento psíquico, e propõe saídas coletivas para enfrentar o sofrimento
De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, mais de 470 mil pessoas foram afastadas do trabalho em 2024 por motivos relacionados à saúde mental, como ansiedade, depressão, bipolaridade e transtornos ligados ao uso de substâncias. O número representa cerca de 13% dos afastamentos por doença no país, e mostra um aumento de 68% em relação ao ano anterior.
Esses dados servem de pano de fundo para a pesquisa de doutorado do psicólogo Sérgio Guimarães, desenvolvida no Instituto de Psicologia da UFRJ. Intitulada A Economia Psicoativa do Trabalho, a tese investiga a realidade de profissionais do mercado financeiro – especificamente da Bolsa de Valores de São Paulo – e revela como o uso de substâncias, lícitas e ilícitas, tem se tornado uma estratégia comum para lidar com rotinas de trabalho cada vez mais intensas. Entre essas substâncias estão medicamentos controlados que prometem foco e produtividade, muitas vezes utilizados sem prescrição ou acompanhamento médico.

Para o pesquisador, esse comportamento é reflexo de um modelo de trabalho que exige uma produtividade além do que o corpo e a mente conseguem suportar. Nessa lógica, o sofrimento é visto como fraqueza, e não como um sinal de que algo precisa mudar. Diante disso, o psicólogo defende que é preciso coletivizar o sofrimento no trabalho — criar espaços de escuta, partilha e acolhimento, nos quais trabalhadores possam falar de suas dores e construir saídas possíveis de forma conjunta.
“Várias pesquisas no Brasil e no mundo mostram que uma das saídas é aumentar o poder de agir dos trabalhadores, apostando em formas coletivas de trabalho e discussão”, conclui.
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Fonte: Matéria de Tassia Menezes publicada no Conexão UFRJ, em 1º de maio de 2025.
Foto: Arquivo pessoal/reprodução internet