“Acreditaram em mim.” Essas palavras ecoaram, repetidas vezes, da boca da vítima de Daniel Alves ao ouvir a sentença de seu agressor.
Essa frase carregada de significado, que talvez somente outra mulher consiga compreender, lança luz sobre o descrédito e o medo que frequentemente acompanham as mulheres que sofrem violência sexual.
A revitimização infelizmente é algo comum em casos como esse. Além do trauma da violência, as mulheres frequentemente ainda enfrentam questionamentos incessantes, sendo colocadas em dúvida com perguntas inadequadas e constrangedoras, o que muitas vezes as leva a desistir de denunciar seus agressores.
Reparem que, mesmo após mudar sua versão diversas vezes e mesmo sob condenação, muitas pessoas continuam acreditando no acusado e duvidando da vítima, acusando-a de mentirosa e oportunista. Declaram apoio a Daniel Alves, baseando-se em sua fama, prestígio e, principalmente: por ele ser homem.
Basta ler os comentários em qualquer notícia sobre o caso para sentir repulsa pela mediocridade humana. Uma mulher que revela sua dor é vista como histérica, dramática, “mimizenta”.
A vítima de Daniel Alves teve uma boa advogada e o apoio da pressão pública, amplificada pela fama do acusado. Mas e a maioria das mulheres que passam por uma situação semelhante?
Se depender dos julgadores de plantão, elas sofrerão sozinhas e caladas.
Essa invalidação dos sentimentos da mulher pode servir como gatilho ou agravar questões emocionais, como transtornos de ansiedade e depressão.