A depressão costuma ser caracterizada por um quadro de desânimo, tristeza e falta de energia que pode dificultar a capacidade de realizar atividades como trabalhar, estudar, dormir e comer.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com essa condição em todo o mundo. No Brasil, a prevalência é calculada em 15,5%, segundo o Ministério da Saúde.
Mas a depressão é um problema tratável. Reconhecer seus sinais e buscar ajuda são atitudes que podem salvar vidas. A seguir, confira quatro perguntas e suas respostas para entender essa condição mental.
1. A depressão causa mudanças no cérebro?
Embora os pesquisadores ainda estejam longe de desvendar todos os segredos por trás da depressão, estudos têm ajudado a revelar as mudanças estruturais no cérebro causadas pela doença. Entre elas, a mais marcante diz respeito à diminuição do volume cerebral, especialmente em regiões como o hipocampo – área responsável pela memória e o aprendizado.
Tal redução parece estar ligada a processos inflamatórios e à perda de ramificações dos neurônios. Ao contrário do que ocorre na infância, o cérebro adulto não produz novas células nervosas com facilidade, e seu crescimento se dá principalmente pela expansão das conexões neuronais. No entanto, em pessoas deprimidas, essas ligações tendem a diminuir, comprometendo o funcionamento do sistema.
Além disso, há uma mudança na forma como o cérebro interpreta estímulos do ambiente. Na prática, significa que situações que antes seriam compreendidas como neutras ou até positivas podem passar a ser percebidas como negativas, intensificando a sensação de mal-estar.
2. Existem sinais típicos dessa doença?
A depressão é uma doença de causa multifatorial. Entre suas possíveis causas estão:
- Sono inadequado ou de má qualidade;
- Uso de substâncias como álcool, tabaco e drogas;
- Alimentação desequilibrada;
- Estilo de vida sedentário;
- Isolamento social;
- Excesso de tempo de tela e hiperconectividade.
Esses elementos, somados a uma predisposição genética ou a eventos traumáticos, podem desencadear o transtorno, o qual costuma se manifestar de maneira sutil. A depressão pode até ser confundida com uma simples variação de humor; daí a importância de se manter atento às alterações de comportamento mais persistentes.
Identificar essas características é chave para iniciar o tratamento em estágios mais leves da doença e reduzir, assim, o risco de ela se agravar.
Os principais sinais de atenção incluem:
- Isolamento social;
- Indisposição, mesmo para atividades antes prazerosas;
- Pessimismo constante;
- Alterações no sono (insônia, sono leve ou acordar muito cedo);
- Alterações no apetite (aumento ou perda de fome);
- Irritabilidade ou sensação de vazio persistente.
3. Onde buscar ajuda?
Qualquer profissional de saúde pode identificar os sinais sugestivos de depressão e, assim, encaminhar o paciente para a avaliação de um psiquiatra, que é o especialista mais indicado para fazer o diagnóstico. A partir daí, o tratamento pode ser medicamentoso e também pode ser feito com auxílio do psicólogo, por meio da psicoterapia.
Serviços públicos, como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs) estão disponíveis para acolher e orientar quem precisa de apoio. Durante os episódios de crise, os Centros de Valorização da Vida (CVVs) também podem ser acionados por meio do número 188.
4. Como é feito o tratamento?
A partir do diagnóstico, o tratamento é iniciado – e ele vai muito além do uso de medicamentos. Envolve mudanças importantes no estilo de vida, como melhora na qualidade do sono, alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e retomada dos vínculos sociais.
Em casos mais severos, o uso de antidepressivos pode ser indicado. No entanto, esses medicamentos devem ser utilizados com extremo cuidado e sempre sob orientação médica. Iniciar ou abandonar o tratamento por conta própria pode agravar o quadro e até provocar recaídas ainda mais intensas.
O chamado “desmame” deve ser feito gradualmente e de maneira acompanhada. Isso diminui a probabilidade do paciente sofrer qualquer tipo de prejuízo em sua saúde mental e física.
Fonte: Hospital Israelita Albert Einstein/Foto: Freepik